Não fazia sentido viver todos os dias da minha vida presa em uma cozinha, eu não queria ver as pessoas por trás da bancada e, sim, ficar ao lado delas, olhar no olho e me sentir valorizada. Eu sabia que podia fazer mais do que estava fazendo e corria atrás. Não fazia mais sentido continuar na cozinha, meu coração não se enchia mais de gozo, ao contrário, era pressão e muito angustiante estar onde você não se encaixa mais.

Uma porta se abriu para mim, quando decidi fazer um curso de massoterapia nas férias. Eu amava dar massagem nas pessoas, aprendi ás duras penas quando tive que dar as massagens e fazer a fisioterapia que minha mãe precisava na época que ela ficou extremamente enferma e sem andar. Não tínhamos condições financeiras na época de investir em um profissional, eu tinha apenas 12 para 13 anos, dali em diante. Através de uma amiga querida chamada Rebeca Lobo, conheci a estética. Ela fez o mesmo curso que eu de massagem e viu o quanto fiquei encantada por cuidar. Na época ela fazia faculdade de estética e perguntei como funcionava. Ainda era tudo muito recente, muita gente, assim como eu, achava que estética era passar creminho, massagem. Puro engano. Estética é ciência, é cuidar de vidas além das fronteiras, é integrar.

Entrei na faculdade por misericórdia de Deus, passei com a nota do Enem na época e consegui um valor bom, meus pais se dedicaram muito pra me dar uma boa educação, vale ressaltar que estudei todo meu ensino médio em casa, fiz homeschooling e foi um divisor de águas na minha vida. Eu comia os livros como se fossem comidas de verdade! Não tinha computador, eu era conhecida por todo mundo na biblioteca, ficava na cola dos professores, estudava até tarde, amava fazer maquete, eu sabia que, por ter tantas dificuldades, eu não podia ficar abaixo da média, morria de vergonha de apresentar, mas preferia ser a primeira , do que me deixar vencer pela vergonha.